Passageira


Ô, dá uma peninha... Machuca falar sobre certas coisas... Parece besteira, mas ñ é!
Uma noite dessas, voltando pra casa, uma moça sentou-se ao meu lado. Normal? Tá parecendo, né?. Disse bem: aparência... Mas, em suas desesperadas mãos havia alimentos que ingeria, dentre estes, um copo enorme de refrigerante. Desfez-se imediatamente do copo (agora vazio) ali mesmo no chão do ônibus (que bonito!). Independente da educação ou da “deseducação” que esta moça tenha recebido, penso eu: para ..o n d e.. pensou aquela moça que aquele copo iria ao abandonar suas mãos? Será que ela não sabia que aquele copo permaneceria no mesmo mundo em que todos nós habitamos, inclusive ela mesma? Ñ sei porquê lembrei agora dos bebês (quando retiramos alguma coisa da frente deles, eles julgam que o objeto ñ existe mais).
Não acho muito difícil compreender que se sujamos a nossa casa, teremos que limpá-la depois (se não existir ninguém que possa fazer isso por você, é claro). E o que acontece na cidade? Temos a impressão que tudo e nada é nosso ao mesmo tempo. Ouvimos muitas vezes alguém abrir a boca e dizer: “Isso tudo é meu porque eu pago os meus impostos!” ou, quando por parte daqueles que não são bem atendidos por funcionários públicos dizem com a boca cheia: “Eu é quem pago o seu salário!” E o que acontece na cabeça de alguém que joga o lixo em via pública? Certamente acha que tudo sim, não é dela. Dela é somente a parte boa da cidade, como os prédios públicos ou a praia onde despejam toneladas de cascas de amendoins, por exemplo! Porque será que ninguém diz por aí: “Esse lixo é meu! E se é meu, a responsabilidade sobre ele é minha!” Podemos chamar a nossa casa de nossa moradia. Concorda? E na nossa moradia não queremos lixo, isso é bem verdade. Se a nossa cidade também é a nossa moradia, podemos considerá-la também como nossa casa, logo, seu lixo, nosso lixo. Mas, porque se acham alguns no direito de sujar a cidade como se por um “passe de mágica”, naquele momento mesmo em que o “cidadão” lança seus objetos não mais desejados no meio da rua, a posse e a responsabilidade sobre aquilo que ele abandona não fosse mais dele? Agora frase fécil na boca do "cidadão" é: "a responsabilidade é do governo". Que curioso, ñ é? A cidade é aquela região em que todos podem dizer: “Tudo é meu” ou "Nada é meu". Ou até: “A prefeitura é quem cuida desses assuntos, no caso, "de lixo.” Pra ñ jogar lixo no chão teremos que pagar multas? Chamaremos os palhacinhos do fon-fon? O bom cidadão será aquele indivíduo eternamente fiscalizado? Uma eterna criança que não sabe o que faz e precisa de alguém que se responsabilize por ele?
Se perguntássemos àquela moça se jogar lixo no chão é errado, não duvide. Ela responderia que sim. Mas somos herdeiros do pensamento de uma imensa maioria que ainda tem na cabeça a idéia de que o mundo é grande demais e tem muita coisa pra se fazer (e espaços “sujáveis”), muita coisa pra comer e um copinho no chão não fará a menor diferença. O que é um saco plástico no chão num planeta tão grande? Isso quase todo mundo pensa, mas, em contrapartida, têm na ponta da língua um discurso fácil sobre o problema que o lixo representa para o mundo. Mas, existe uma enorme diferença entre pensar e agir. Inevitável a comparação entre a nossa população e a atitude de alguns bebês que, por puro capricho da idade, deixando de ver um objeto qualquer, o julga como não mais existente. Assim a maioria encara não só o problema do lixo. Mas quaisquer outros problemas de ordem moral.

Comentários

Não tendo muito tempo para fazer um comentário à altura e aproveitando o poder de síntese da expressão vou usá-la para definir o seu post e o restante do seu blog: DO CARALHO!

Postagens mais visitadas